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Extravasando minha vontade de colocar o pé na estrada

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“Gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteiro e fico todo enrolado correndo de um destino falido para outro até desistir. Assim é a noite, e é isso o que ela faz com você, eu não tinha nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão.”

Jack Kerouac, On the Road

Justificativa aos leitores

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Como eu escrevi — até um pouco demais — na resenha sobre O Encontro Marcado, o livro é divido em duas partes, no título de cada já temos um pouco da ideia do que está por vir. Porém não é sobre isso que quero falar hoje. A questão é: me perdoem se me excedi e contei demais da história. Fiz isso apenas porque amo muito esse livro e talvez para quem leu a resenha isso não ficou claro.

Fiz um texto que excede em informação, mas que peca em sentimento. Falei além da conta o que acontece no livro e não disse o motivo de tal esbórnia.

Na verdade quando o li pela primeira vez fiquei — e muito — angustiada. Assim como Eduardo, eu sonhava em ser escritora, mas falhava em escrever qualquer coisa. O único texto que eu havia escrito até dado momento se chamou Carta ao Vizinho —um dia o publico aqui no blog. Mas naquela época conseguir escrever era um sonho e uma luta, assim como para o personagem.

Além dessa identificação de frustração, o livro me ganha a cada palavra dita, trechos dessa obra que anotei num caderno para guardar para sempre. Na resenha eu falei demais? Sim! Pequei em passar meus sentimentos? Também. Mas nem tudo está perdido, quem ler o livro todo vai se deparar com passagens maravilhosas como a que me conquistou de primeira:

“Sentaram-se no banco e se calaram, tentando entender o silêncio. As palavras tinham um sentido além delas mesmas. O silêncio seria, sempre, o único meio de entendimento perfeito”.

Vários outros lirismos aparecem ao longo do livro e são sedutores, te fazem reler a passagem e querer tatuar na pele para guardar sempre ali, no alcance de uma saudade.

Como por exemplo:

“Seu erro fundamental é lembrar em vez de recordar. Há uma diferença entre lembrar e recordar; recordar é reviver, lembrar é apenas saber. O que é recordado fica, o que é lembrado é também esquecido”.

Depois que li essa passagem, tudo que acontece e me deixa feliz eu fecho os olhos, respiro aquilo e tento guardar a recordação, justamente porque eu não quero só lembrar, quero reviver. Às vezes antes de dormir fico reimaginando algo que aconteceu, assim acredito que sou especial, que recordo e não apenas lembro. Fora que todo mundo quer ser especial, em alguns momentos só para uma pessoa específica, em outros há uma vontade de se sentir diferente de todos. Seja como for, recordando e não apenas lembrando é minha maneira de me sentir assim.

Para quem não se identificar com o personagem, tudo bem, não é necessário isso para que um livro seja bom. Mas saiba que ele guarda angústia, felicidade, medo e muita poesia em suas páginas. Seja você alguém que almeje ser escritor, ou apenas um leitor com vontade de assimilar textos incríveis. Esse é O livro.

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Bukowski

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“Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as percentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável, mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos.”

Bukowski, O Capitão Saiu para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio