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Um mundo sem Sherlock Holmes

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Post feito em parceria com o blog Literasutra.

Se eu tivesse que descrever o livro em uma palavra seria “reviravolta”. O que não é nada de novo em se tratando de um livro policial. Mas é que a reviravolta ultrapassou a metalinguagem e veio até mim, que começou a ler Moriarty achando o livro bobo e que com certeza já tinha lido inúmeros livros de mistérios melhores. Só que a história realmente me surpreendeu e acabou sendo diferente e muito boa. Não estou comparando o autor com os mestres do gênero, mas não fica tão aquém.

Então, Sherlock Holmes morreu e agora o que acontece? Criminosos esbanjam confiança na ausência do inspetor, a polícia não sabe nem por onde começar e outros investigadores passam a se dividir em dois grupos: os que acham a morte de Holmes uma chance para brilhar e aqueles que pensam na perda total; da pessoa que ele era e de suas visões brilhantes sobre um fato.

A história em si é muito palpável, o personagem que nos conta os acontecimentos, Chase, muitas vezes não percebe uma pista que está quase ganhando vida para gritar “estou aqui! Leia-me”. O que provavelmente seria eu na cena de uma investigação, -constantemente vou na cozinha e esqueço o que fui fazer – creio que eu perderia o foco rapidamente.

Só que (ainda bem!) as investigações não dependem somente desse personagem. Temos o inspetor da Scotland Yard, Sr. Jones. Ele ocupa a lacuna vazia que Holmes deixou. Mas não, ele não é nenhuma aberração da natureza que sabe a sua altura pelas pegadas que você fez na grama. Na verdade, Jones é admirador do famoso consultor e já foi várias vezes menosprezado em relatos de Watson. Com o ego muito ferido por ter deixado escapar tantas pistas elementares, o novo inspetor em cena aproveita um momento de forçada reclusão e estuda minuciosamente todo o material já publicado por Holmes. Além disso, sempre recorre aos escritos do ídolo em momentos de dúvida. Assim, ele passa a exercer a função de observador extraordinário, deixando para Chase o papel de idiota que não reparou o que era óbvio. (Para falar a verdade, em alguns momentos até eu percebi antes de Chase o que acontecia).

A obra flui, não cansa e mantém o leitor curioso. Comecei a minha leitura e quando percebi já estava na metade e o sol nascendo. Foi uma experiência ótima terminar adorando um livro que comecei desdenhando do texto!